O caso envolveu a menina Valentina, de 13 anos, que ficou gravemente intoxicada após uma exposição prolongada ao bórax, um dos componentes usados na produção do slime caseiro. Valentina passou por um período de internação hospitalar e precisou de tratamento de desintoxicação, pois o bórax se acumulou em seus ossos, músculos e foi eliminado lentamente de seu organismo.
De acordo com a mãe da menina, Cris Pagano, Valentina costumava fazer slime caseiro diariamente, o que resultou em uma alta concentração de bórax em seu corpo. Inicialmente, os médicos tiveram dificuldade para chegar ao diagnóstico correto, pois os sintomas, como vômitos, diarreia e perda de peso, eram associados a um quadro viral.
Depois do caso de Valentina, o diretor médico do Centro de Assistência Toxicológica (CEATOX) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Anthony Wong, decidiu desenvolver um exame capaz de detectar a presença de bórax na urina. Esse tipo de exame não existia anteriormente, pois a intoxicação por bórax não era algo comum.
O exame é simples, feito com amostra de urina, e já está disponível desde maio. O resultado fica pronto em até três dias e o custo é acessível, cerca de R$ 70. Valentina foi a primeira paciente a realizar esse novo teste, que se mostra essencial para a identificação precoce da intoxicação por bórax.
Especialistas alertam que o bórax é uma substância extremamente tóxica e não deve ser manipulada por crianças na fabricação de slime. Eles recomendam que os pais optem por kits de slime industrializados, com composições já testadas, evitando a produção caseira com ingredientes potencialmente prejudiciais.
Após o caso de Valentina, a mãe recebeu diversas mensagens de outras famílias relatando problemas semelhantes, com crianças apresentando desde dificuldades para andar até internações recorrentes. Isso demonstra que a intoxicação por bórax em slimes caseiros pode ser um problema mais generalizado do que se imaginava.