A avó, responsável pela guarda do menino, compartilhou o momento delicado em que precisou revelar ao neto o motivo pelo qual seu pai estava na prisão e sua responsabilidade na morte de sua mãe.
Em uma história que chocou o país, o ex-goleiro Bruno cumpre pena pelo assassinato e ocultação do corpo de Eliza Samúdio, com quem teve um relacionamento que resultou na gravidez da criança.
O menino, que conhecia os pais apenas por fotos, expressou curiosidade à avó sobre sua história e questionou detalhes que havia encontrado na internet.
Segue a entrevista completa com Sônia:
Eu, Rio!: Como o Bruninho ficou sabendo de tudo?
Sônia: Ele me perguntou um dia: “mãe (ele me chama de mãe), como minha mãe morreu?” Seguindo o conselho da psicóloga, devolvi a pergunta: “O que você acha?” E ele disse: “Acho que meu pai é responsável pela morte da minha mãe. A senhora não me deixa ver notícias.” Então, eu confirmei: sim, seu pai é responsável pela morte de sua mãe. A partir daí, ele fez mais perguntas.
Eu, Rio!: E como você explicou a ele?
Sônia: Eu disse: Bruninho, há pessoas que não têm respeito pela vida e às vezes são influenciadas por más companhias. Para evitar causar dano a alguém, é preciso ter amor no coração e respeito por Deus. Tudo o que fazemos tem consequências, e permitir que tirem a vida de alguém significa que, um dia, você terá que responder por isso. Ele respondeu: “Eu sei disso. Sinto pena do meu pai porque ele terá que prestar contas a Deus pela vida da minha mãe.” Ele também perguntou se eu odiava o pai dele, ao que respondi que orei para não deixar o ódio crescer em meu coração.
Eu, Rio!: Qual foi a reação dele?
Sônia: Ele ficou chocado, mas tentou me consolar, dizendo para eu não chorar, pois se me visse sofrendo, sofreria também. Ele disse que só queria entender o motivo pelo qual o pai fez o que fez. E que se o pai não queria a mãe e ele, não precisava tê-la matado. Ele ficou surpreso ao saber que o pai também colocou sua vida em perigo quando era apenas um bebê.
Eu, Rio!: Ele compreende quem é exatamente o pai dele?
Sônia: Sim, ele sabe, mas não idolatra o pai como um atleta, como poderia acontecer em outras circunstâncias.
Eu, Rio!: A descoberta afetou o comportamento dele?
Sônia: Não, ele não mudou. Apenas expressou o desejo de confrontar o pai e entender por que ele fez o que fez. Ele também quer saber onde a mãe está enterrada.
Eu, Rio!: Como você imagina esse encontro?
Sônia: Não consigo nem pensar! Será muito doloroso para mim. Mas estarei ao lado dele quando ele decidir.
Eu, Rio!: E se Bruno quiser se aproximar dele?
Sônia: Sempre digo para Bruninho honrar e respeitar o pai. Mas ele responde: “Meu pai matou minha mãe!” Eu lembro a ele o mandamento de honrar pai e mãe, mas ele tem dificuldade em aceitar isso.